De acordo com o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, boteco é “uma pequena venda tosca onde servem bebidas, algum tira-gosto, fumo, cigarros, balas, alguns artigos de primeira necessidade, geralmente situada na periferia da cidades ou à beira de estradas”. No século XV, esse conceito era mais apropriado para a palavra “botica” e, mais tarde, no século XIX, para a palavra “botequim”. É interessante notar que “botica” é originada do francês boutique, que atualmente tem o significado de “loja pequena e elegante, com artigos finos: peças do vestuário, bijuterias etc.” Em algumas regiões do país, a palavra “boteco” ainda é utilizada nesse contexto, com uma certa designação pejorativa. Esses locais também são denominados por variações como: pé-sujo, pé-pra-fora ou bufo-bufo.
Um verdadeiro boteco, para garantir-lhe a propriedade do nome (ou de suas variações), não pode faltar em seu cardápio (ou em suas estufas) o peixe frito, petiscos assados à passarinha, farofa de linguiça, amendoim, azeitonas, mortadela e os ovos coloridos, que representam a tradição desse tipo de estabelecimento. Porém, para quem, como eu, não tem a coragem de experimentar os tradicionais ovos coloridos em um boteco, segue uma dica. Prepare-os em casa mesmo!! A receita é simples.
Para adquirir a coloração azul, basta cozinhar os ovos com anilina dessa cor; para uma coloração rosa, os ovos devem ser cozidos juntamente com beterraba; para ovos amarelos, o cozimento deve ser feito com cascas de cebola.
Quanto às bebidas, é comum encontrar nos botecos a cerveja de garrafa (sempre super gelada e servida em copo americano, às vezes, com o fundo pintado para não se misturar com copos de outros botecos), a caipirinha, a popular “branquinha” (temperada ou não), o conhaque e o rabo-de-galo. A respeito dessa última bebida, o nome deriva de “coquetel”, tradução literal de cocktail, em inglês, rabo-galo. Segundo Marcelo Duarte, em seu livro O guia dos curiosos, “Entre as tantas explicações para sua origem, uma diz que os cavalos de corrida do século XVII tinham seus rabos cortados bem curto, parecendo rabos de galo. O corte lhes dava mais velocidade, apesar de deixá-los com menos equilíbrio nas curvas. Dois séculos depois, os bares dos hipódromos começaram a misturar bebidas, criando fórmulas mais fortes, que causavam efeitos intensos nos clientes. As bebidas, então, receberam o nome de cocktail.” No Brasil, cocktail ganhou sentidos diferentes: “Rabo-de-galo é uma mistura de aguardente e vermute, enquanto coquetel é uma combinação de bebidas e sucos de frutas.”